Igualdade de Gênero e Mudanças Climáticas

Meninas e Mulheres Brasileiras que estudam e falam sobre mudanças climáticas

#tmjUNICEF
Igualdade de Gênero e Mudanças Climáticas
UNICEF/BRZ/divulgação
20 março 2024

Igualdade de gênero e mudanças climáticas são dois temas importantíssimos que estão sendo cada vez mais discutidos na nossa sociedade. Ambos os temas influenciam nossas vidas diretamente e têm um papel fundamental que impactam a nossa cidadania, seja as mudanças climáticas afetando os fenômenos naturais do nosso planeta, seja a luta pela igualdade de gênero nos ambientes de trabalho e estudantil. É fundamental entender como esses dois fatores são influenciados no nosso cotidiano e como afetam nossas vivências de diversas maneiras, pois, apesar de serem assuntos diferentes, eles estão relacionados entre si, uma vez que tanto o aquecimento global quanto a desigualdade de gênero atingem as pessoas de maneiras e proporções diferentes. Nesse sentido, iremos apresentar algumas definições sobre essas temáticas e como elas podem estar interligadas, apresentando exemplos de meninas e mulheres admiráveis que estudam as mudanças climáticas e combatem essa problemática.

Vamos lá?
 

Gênero e Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas representam um dos nossos maiores desafios enquanto sociedade. Apesar dos impactos serem sentidos em maior ou menor grau globalmente, há uma dimensão específica que muitas vezes é negligenciada: a interseção entre gênero e mudanças climáticas. Nesse sentido, as mulheres vêm desempenhando papéis essenciais na gestão dos recursos naturais e na luta e adaptação às mudanças ambientais ao longo da história, no entanto, são invisibilizadas em processos de tomada de decisão e na formulação de políticas relacionadas ao meio ambiente. Tal questão é especialmente preocupante, pois as mudanças climáticas têm efeitos diferenciados com base no gênero, ampliando as desigualdades existentes.

São evidentes os impactos desproporcionais que desastres naturais têm sobre as mulheres e meninas. Nessa perspectiva, em muitas comunidades ao redor do mundo, as mulheres e meninas são responsáveis pela produção de alimentos, pelo abastecimento de água e pelo cuidado com a família. Assim, quando ocorrem desastres como secas, inundações e furacões, as responsabilidades sob as mulheres se tornam ainda mais árduas, aumentando o seu nível de vulnerabilidade. Além disso, as mulheres constantemente enfrentam obstáculos adicionais no acesso a recursos e oportunidades econômicas, o que as tornam mais suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas. Por exemplo, em muitas regiões, as mulheres têm menos acesso à terra, ao crédito e à tecnologia, o que limita suas capacidades de adaptação e resiliência em situação de intensificação das mudanças climáticas.

Importância do protagonismo feminino

  Apesar dos grandes obstáculos que devem ser combatidos e superados, as mulheres também são agentes de mudança poderosas na luta contra as mudanças climáticas. Sua experiência e conhecimento local podem contribuir significativamente para a formulação de políticas e práticas de adaptação mais eficazes. Além disso, as mulheres desempenham papéis-chave em comunidades sustentáveis, liderando iniciativas de conservação ambiental, gestão de recursos naturais e promoção de energias renováveis. Portanto, reconhecer e promover o protagonismo feminino na agenda climática é essencial para construir um futuro mais justo e sustentável. Isso inclui garantir a participação equitativa das mulheres em processos de tomada de decisão, investir em programas de capacitação e educação voltados para as mulheres e criar políticas que levem em consideração as diferentes necessidades e realidades de gênero. Ao fortalecer o papel das mulheres na resposta às mudanças climáticas, não apenas aumentamos a capacidade das comunidades mais vulneráveis de lidar com as questões climáticas, mas também promovemos a justiça de gênero e construímos um mundo mais sustentável para as gerações futuras de meninas e mulheres.
 

Meninas e Mulheres que atuam contra as mudanças climáticas

Considerando a importância da contribuição das mulheres na batalha contra as mudanças climáticas, apresentamos abaixo cinco exemplos de mulheres engajadas nessa luta:

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Jahzara Oná
Léu Britto/Agência Mural

Jahzara Oná

Estudante de Geociências na Universidade de São Paulo (USP), Jahzara Oná mora no Jardim Pantanal, periferia da zona leste de São Paulo. Com apenas 19 anos, ela se considera ativista socioambiental e possui amplo envolvimento em iniciativas para a comunidade e para a proteção do meio ambiente, incluindo projetos relacionados à insegurança alimentar, representando o Fridays for Future (projeto criado por Greta Thunberg) no Brasil, entre vários outros esforços. Além disso, desempenha um trabalho importante de educação climática por meio de suas redes sociais e através de eventos, abordando, por exemplo, o tema do racismo climático.

Jahzara integra uma rede global de jovens ativistas e já acompanhou presencialmente a COP27 no Egito e a COP28 em Dubai, tendo a chance de cobrir as pautas em discussão em suas redes e adquirir outras perspectivas acerca dos temas. Ela é uma jovem ativista em ascensão e já é inspiração para muitos jovens que buscam fazer a diferença em suas comunidades e no mundo.

 

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Amanda Costa
Ivan Pacheco/Habitability

Amanda Costa

Internacionalista, Amanda Costa é fundadora e líder do Perifa Sustentável, projeto sem fins lucrativos que mobiliza e impulsiona jovens de periferias para combater injustiças socioambientais e lutar por uma agenda de desenvolvimento sustentável. Além disso, ela é colunista e apresentadora do programa de televisão #TemClimaParaIsso? da Rede TV, abordando temas relacionados às mudanças climáticas e tem atuação em diversas redes de jovens que trabalham com pautas sociais e ambientais, incluindo Global Shapers, Climate Reality, Youth Climate Leaders, entre outras. Amanda também possui uma significativa presença nas redes sociais, compartilhando conteúdos relacionados ao meio ambiente e ao clima.

Devido ao seu extenso comprometimento e impacto através de suas ações como ativista, Amanda foi reconhecida na lista Under 30 de 2020 da revista americana Forbes, que destaca pessoas abaixo dos 30 anos que são inovadoras e criativas em diferentes áreas, além de ser jovem embaixadora da ONU. Atualmente com 27 anos, Amanda já é uma líder inspiradora na busca por um futuro mais sustentável e justo.

 

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Thelma Krug
IPCC/Divulgação

Thelma Krug

Sua sólida formação acadêmica inclui uma graduação em matemática pela Roosevelt University, em Chicago e um doutorado em estatística pela Sheffield University, na Inglaterra. Thelma também é professora e pesquisadora e, dentre seu extenso currículo, podemos destacar sua experiência de 39 anos como pesquisadora titular no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sua atuação como pesquisadora no American Institute for Global Change Research e como membro do Comitê Científico do Emissions Gap Report 2015 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).

Adicionalmente, é uma colaboradora de longa data do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reconhecido como a fonte mais confiável de informações sobre as mudanças do clima no mundo, sendo vice-presidente do painel desde 2015. Essas conquistas representam apenas um fragmento do trabalho notável que realiza e que a consagra como uma das cientistas climáticas mais renomadas globalmente.

 

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Marina Silva
Arquivo/Câmara dos Deputados

Marina Silva

Marina Silva é ambientalista, historiadora e atualmente ocupa o cargo de ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Com uma trajetória de superação, Marina advém de uma realidade humilde, onde já foi seringueira e tornou-se uma das maiores líderes socioambientais no Brasil. Sua atuação inclui a defesa da Amazônia, a promoção do desenvolvimento sustentável e a liderança em diversas organizações ambientais. Além disso, Marina possui reconhecimento internacional por seu trabalho, participando de múltiplas conferências globais sobre o clima, conquistando prêmios como o Champions of the Earth pela ONU e a Medalha Duque de Edimburgo pela rede WWF. Possui também uma longa carreira na política, defendendo seus ideais de preservação ambiental e igualdade social.

Seu admirável comprometimento com a defesa do meio ambiente a destaca como uma das figuras mais influentes no cenário mundial e sua dedicação a torna uma referência para a implementação de práticas que conciliam o desenvolvimento humano com a preservação do planeta.

 

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Txai Suruí
Nadja Kouch/Reprodução

Txai Suruí

Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Txai Suruí, ou Walelasoetxaige Paiter Suruí, seu nome de batismo que significa “mulher inteligente”, é uma líder indígena e ativista da etnia Paiter-Suruí reconhecida mundialmente pela sua trajetória no ativismo climático.

Seu protagonismo na luta pela conservação da Amazônia é marcante, sendo eleita a pessoa indígena mais influente da lista “Forbes Under 30” da revista Forbes, em 2023. Além disso, Txai foi a primeira mulher indígena a discursar na Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas na COP26, no ano de 2021.

Atualmente é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé -, do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, da World Wildlife Fund (WWF) e do Pacto Global da ONU, além de voluntária da ONG Engajamundo e colunista da Folha de São Paulo.

 

O tópico "mudanças climáticas" vem sendo fortemente discutido nos últimos anos, tanto por líderes de nações quanto por cidadãos comuns. Quanto mais pessoas  discutirem o assunto, conseguimos um efeito cascata onde mais pessoas irão aprender sobre seus impactos e como podemos preservar o meio-ambiente. Como pudemos ver no texto, muitas mulheres colocam o assunto em pauta e se juntam para tornar o mundo um lugar cada vez melhor, seja por iniciativas próprias, seja colocando pressão em pessoas que estão no poder e que podem fazer uma diferença muito significativa em prol da sustentabilidade. Inclusive, é de extrema importância que mulheres no poder falem sobre as mudanças climáticas e a desigualdade de gênero, pois por estarem em um lugar de destaque, há uma grande chance de serem ouvidas. Porém, qualquer mulher pode se tornar uma ativista pelo meio-ambiente, aprofundando os seus conhecimentos no assunto e disseminando informações para a sociedade. No entanto, se você for uma pessoa mais reservada, não precisa necessariamente levantar a voz caso não se sinta confortável com isso, só de adquirir hábitos em seu dia a dia que diminuam os impactos das mudanças climáticas, será de uma grande ajuda. Lembre-se: toda ação com propósito é mais do que válida!


Referências

  • https://agenciamural.org.br/justica-climatica-e-racismo-ambiental-na-visao-de-uma-jovem-ativista-periferica/
  • https://www.terra.com.br/visao-do-corre/pega-a-visao/conheca-jahzara-ona-ativista-de-18-anos-que-foi-a-cop27-no-egito,5d2b422af26881920663f3656582d112i6g72kbl.html
  • https://forbes.com.br/listas/2021/02/under-30-2020-90-destaques-brasileiros-abaixo-dos-30-anos/#foto78
  • https://habitability.com.br/amanda-costa-periferia-mostrara-modelo-sustentavel-para-o-mundo/
  • https://www.terra.com.br/nos/quem-e-txai-surui-indigena-eleita-mais-influente-na-lista-forbes-under-30-deste-ano,8f0091880c4842b92a5f8e1ec734bcc32tukx8ni.html
  • https://oglobo.globo.com/mundo/clima-e-ciencia/noticia/2023/07/26/cientista-brasileira-perde-disputa-para-presidir-painel-climatico-da-onu.ghtml
  • https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2022/06/txai-surui-nascida-e-criada-na-luta-pela-conservacao-da-amazonia
  • https://marinasilva.org.br/trajetoria-de-sucesso/
  • https://www.terra.com.br/planeta/noticias/marina-silva-e-uma-das-100-liderancas-climaticas-mais-influentes,b484a1e2374d771f6ca0a28b84583d5fv6slqdy7.htm
  • https://aamazonia.com.br/os-povos-indigenas-estao-resistindo-diz-txai-surui-sobre-premio-de-destaque-internacional/
  • https://generoeclima.oc.eco.br/

 

Redação: Luana Di Giacomo Levasier, Ana Izabel Barbosa, Laura Webber Alves, Milena Quesada, Amanda Lopes
Revisão: Samara Accioly

Blog escrito pelas voluntárias e pelos voluntários do #tmjUNICEF, o programa de voluntariado digital do UNICEF. São adolescentes e jovens de todo o Brasil que participam de formações sobre direitos de crianças e adolescentes, mudanças climáticas, saúde mental e combate às fake news e à desinformação.

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