COP 28 e transição energética justa

Deixando os combustíveis fósseis para trás rumo à descarbonização

#tmjUNICEF
15 janeiro 2024

Você sabia que a COP é uma reunião anual promovida pela ONU, que discute novos métodos e estratégias para o ano climático, além de  revisar e conferir se as metas estabelecidas nos anos anteriores foram cumpridas? Essa conferência está interligada com processos como a transição energética justa e a descarbonização, já que se estabelecem metas para atingir uma estabilidade sustentável mundial visando trazer segurança climática.

Sendo assim, venha entender um pouco mais sobre a COP 28 relacionada com o processo da transição energética justa e da descarbonização, pontuando a atuação do #tmjUNICEF frente a essa ação.

COP 28 e a relação com a descarbonização
A Conferência das Partes - mais conhecida como COP - é uma cúpula que reúne anualmente os países signatários da Convenção do Clima de 1994, na qual os representantes das partes se encontram ao final de cada ano para analisar os progressos do tratado e discutir métodos para prevenir e tratar as modificações climáticas e ambientais. Em especial, a 28ª COP é um marco na agenda climática mundial por apresentar o primeiro balanço global dos progressos mundiais em relação às metas estabelecidas no Acordo de Paris. Este foi adotado em 2015, na COP 21, com o intuito de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC até 2100 e, de acordo com o progresso do balanço, definem-se as orientações para o restante da COP atual.

A 28ª Conferência das Partes, sediada pelos Emirados Árabes Unidos em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, teve como objetivo quatro metas:

  1. Acelerar a transição energética justa;
  2. Transformar o financiamento climático;
  3. Associar natureza e saúde como centro da ação climática;
  4. Mobilizar a COP mais inclusiva de todos os tempos - visando atrair o máximo de jovens possíveis e civis em geral.

O espaço pretendeu obter plataformas englobantes para o diálogo, contando com uma Zona Azul, dedicada às partes credenciadas e delegados observadores. E, também possuiu uma Zona Verde, dedicada para a sociedade civil. O foco desta conferência foi traduzir os compromissos climáticos em ações, incentivando os países a colocarem de fato a “mão na massa”.

Como a 28ª COP teve papel fundamental na busca em reduzir as emissões de gases do efeito estufa e o uso de combustíveis fósseis - que são as principais fontes de energia da nossa sociedade - antes de 2030, é interessante entendermos o conceito de descarbonização. Esse é um processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2), utilizando fontes de energias renováveis que produzem baixos níveis de emissões. A descarbonização tem como objetivo alcançar uma economia global com baixas emissões para conseguir a harmonia climática por meio da transição energética. O problema do uso de combustíveis fósseis é a emissão de gases poluentes à atmosfera, além de contribuírem para o aquecimento global e para o aumento de doenças respiratórias (devido à baixa qualidade do ar). Assim, nota-se que a descarbonização é uma alternativa sustentável de fonte de energia, com o fito de amenizar esses problemas.

Mas porque essa discussão é tão importante?
A 28ª COP aconteceu em um momento delicado para o planeta Terra, já que diversos eventos recentes - como inundações severas e ondas de calor - têm afetado cada vez mais os países, principalmente os mais subdesenvolvidos. Em especial, o Brasil enfrenta problemas como a intensificação do fenômeno El Niño, que colaborou para as altas temperaturas nos estados, a seca histórica da Amazônia, bem como, os furacões e tempestades no sul do país.

Por isso se faz tão necessária essa discussão, é fundamental tomar medidas rumo à mitigação ou adaptação frente às mudanças climáticas, impulsionando uma transformação global com a economia de emissões e um mundo resiliente às alterações climáticas.

Brasil na COP 28
Pelo país estar passando por esses eventos extremos de mudanças do clima, muitos são os interessados em melhorar a situação da crise climática. O país enviou a maior comitiva histórica para a Conferência, teve-se o interesse de abordar soluções efetivas contra as mudanças climáticas, como propor incentivos aos países que conseguirem zerar emissões de CO2, além de cobrar nações ricas de financiarem ações pelo clima em regiões mais pobres do mundo. O Brasil propôs na COP 28 a “Missão 1.5” que será apresentada na COP 30 de Belém e idealiza construir um pacote de apoio para países que desejam acelerar a transição energética e a descarbonização, mas que não conseguem por falta de recursos ou outros fatores.

Mas o que é a transição energética justa?
A transição energética justa é um conceito fundamental a respeito das mudanças climáticas dentro do cenário global, principalmente no que se faz referência à substituição de obtenção de energia por fontes mais limpas e renováveis. Essa transição tem extrema importância, pois as maneiras como se obtém energia - a qual é indispensável para a sobrevivência humana - não são feitas de maneira sustentável, em sua maioria. Por exemplo, podemos citar a extração de combustíveis fósseis (como petróleo) no fundo do mar e a extração de carvão.

É muito importante discutir essa questão, pois os efeitos das mudanças climáticas são sentidos por todo o planeta e por todos os indivíduos. Porém, podemos destacar que os impactos são sentidos de diferentes formas nos diferentes níveis sociais. Desse modo, além de prestar atenção em como haverá a mudança da aquisição das matrizes energéticas primárias, é preciso levar em consideração como as comunidades serão afetadas.

Garantindo que nenhum grupo seja deixado de lado nessa temática, são abordadas questões sociais, econômicas, ambientais e sustentáveis. Assim, a transição das fontes de energia deveria ser justa no sentido de atender principalmente as comunidades mais vulneráveis, sendo os povos originários e comunidades de baixa renda as mais afetadas pela poluição e mudanças climáticas.

Essa mudança da transição energética busca não apenas o combate às mudanças climáticas, como também a busca pela justiça social, evitando a propagação da desigualdade. Se medidas efetivas não forem aplicadas o quanto antes, será muito difícil reverter o aumento das temperaturas globais.

Como citado anteriormente, a COP 28 seguiu com um dos objetivos criados desde a COP 21, visando a diminuição da temperatura do planeta Terra em 2 graus Celsius até 2100, sendo a transição energética justa um tema importante discutido na reunião porque, assim, foram abordadas questões sociais de maneira mais abrangente e igualitária.

Atuação do UNICEF e como podemos cooperar com esse movimento
O UNICEF esteve presente na COP 28 com foco em agir e conscientizar os participantes sobre a importância de integrar crianças, adolescentes e jovens nos planos de adaptação e mitigação climáticas. A organização buscou ressaltar a relevância de ações específicas, aliadas a soluções sustentáveis, para preservar os direitos das crianças frente aos desafios climáticos, que incluem a saúde infantil, a escassez de recursos e os desastres naturais.

Segundo o UNICEF, é ressaltado que engajar-se nesse movimento mundial em direção à transição energética justa implica não apenas os governos, mas também a sociedade civil.

Em Dubai, na COP 28, jovens visionários na área climática, de 19 nações, compartilharam suas propostas inovadoras em uma exposição holográfica de ponta. Isso ilustra a urgência do UNICEF e de seus colaboradores em promover investimentos essenciais em ações climáticas lideradas por empreendedores com menos de 30 anos.

De acordo com o UNICEF, apenas 2,4% do financiamento climático dos principais fundos multilaterais para o clima são destinados a atividades que respondem às crianças.

Como uma rota para alcançar resultados, surge a iniciativa "Innovation30 – Jovens Inovadores Climáticos Moldando o Futuro", alinhada com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Elaborada por uma rede colaborativa diversificada composta pelo UNICEF, aceleradores globais e principais universidades, com o propósito de formar um conjunto de inovações climáticas revolucionárias, todas cientificamente avaliadas. Essas inovações são concebidas por indivíduos com menos de 30 anos, que desempenham papéis fundamentais como partes interessadas, especialistas técnicos e designers, impulsionando assim soluções climáticas.

Um exemplo inspirador é o projeto desenvolvido por Kaushal Shah, um jovem indiano de 23 anos. Ele concebeu a EnvoBarrier, uma inovadora e ecológica solução de embalagem flexível, sendo reconhecido pelo Cambridge Institute for Sustainability Leadership no programa Innovation30.

"É urgente e necessário um investimento audacioso para construir e fornecer canais de inovações climáticas lideradas por jovens e desenvolver a economia verde, da qual esta e as gerações futuras, dependerão para um planeta mais saudável e seguro", diz Thomas Davin, Diretor do Escritório de Inovação do UNICEF.

Conclusão
Falar de estabilização climática - relacionada com a descarbonização e transição energética justa - não é um tema fácil, tampouco é fácil tomar iniciativas e atitudes de tal modo a frear o processo de elevação das temperaturas globais. Tal objetivo macro deve ser tomado como prioridade por um conjunto de pessoas, grupos, órgãos corporativos e indivíduos. E, muito além de apenas tomar a prioridade, é ter a constância nos atos para que tenhamos bons resultados.

As pessoas podem pensar que somente uma parte da sociedade tem responsabilidade sobre isso, mas vejamos um exemplo: uma cooperativa jurídica lança um programa de incentivo a uso de bicicletas – como meio de locomoção –, mas a população não toma a iniciativa e a constância para andar de bicicleta diariamente, o que não vai gerar resultado nenhum. Por isso que as atitudes para a mudança da realidade precisam partir de todos os lados, pois somente tendo esse objetivo em comum, é que conseguiremos excelentes e reais avanços rumo à descarbonização, sendo assim faz-se necessária a atuação da UNICEF em levar o assunto como pauta importante para seus voluntários.

Por fim, é esperado que as partes envolvidas tomem iniciativas para postergar as modificações climáticas e que cooperem de modo a gerar resultados positivos, preservando a integridade humana e a vida no planeta Terra.

Referências

 


Redação: Isabela Marina Alves de Souza + SP #9969,  João Vitor Samuel Castro Martins + SP #1518, Milena Quesada + SP #9269, Nathally Coutinho + SP #7219 e Manuela Victoria + AC #3160

Revisão: Nathalia Maria Correa Campos + RJ #1598

 

Blog escrito pelas voluntárias e pelos voluntários do #tmjUNICEF, o programa de voluntariado digital do UNICEF. São adolescentes e jovens de todo o Brasil que participam de formações sobre direitos de crianças e adolescentes, mudanças climáticas, saúde mental e combate às fake news e à desinformação.

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