Folia sem microplásticos

Práticas sustentáveis durante o Carnaval

#tmjUNICEF
Folia sem microplásticos
UNICEF/BRZ/Andreia
19 fevereiro 2024

Você sabia que o Carnaval é responsável por gerar até seis vezes mais lixo do que o normal? Mesmo sendo um momento de muita alegria e diversão, é nessa época que devemos dirigir uma maior atenção e cuidado às nossas ações e escolhas, pois elas podem ser prejudiciais ao meio ambiente.

Sendo assim, iremos abordar neste espaço a conceituação do que é o microplástico - presente, principalmente, no famoso “glitter” - e porque ele é tão perigoso para a natureza, além disso, apresentaremos algumas dicas imperdíveis de práticas sustentáveis que podem ser feitas para aproveitar a folia e ainda conservar o nosso planeta.
 

Você já ouviu falar do termo “microplásticos”?

A poluição do meio ambiente por materiais plásticos é motivo de preocupação global. Atualmente, a atenção voltada para resíduos de escala micrométricas e milimétricas, os denominados microplásticos, vem ganhando destaque, uma vez que seus efeitos no meio ambiente ainda não são amplamente conhecidos, tornando-se um dos maiores desafios da atualidade.

O primeiro relato de micropartículas plásticas no meio ambiente foi registrado em 1972, encontrado em redes de plâncton, nos Estados Unidos. No entanto, naquela época, a comunidade científica ainda não havia explorado profundamente a problemática envolvendo esses fragmentos de plástico, havendo apenas alguns trabalhos publicados na década de 70. O termo “microplástico” foi introduzido apenas no ano de 2004, caracterizando a discussão desse assunto como bastante recente. Os microplásticos são onipresentes e cada vez mais vêm ganhando foco nas pesquisas científicas realizadas nos últimos anos.
 

Mas por que os microplásticos são motivo de preocupação?

Por causa do seu tamanho muito reduzido, muitas vezes não conseguimos nem ver a presença dessas partículas no ambiente e é exatamente aí que habita o problema. Afinal, já estamos cansados de saber que não é porque não vemos um poluente, que significa que ele não está lá ou muito menos que não nos cause problemas. Os microplásticos são facilmente difundidos no ambiente devido ao seu tamanho, podendo atingir áreas remotas e tornando-se disponíveis em grandes quantidades para organismos de níveis tróficos inferiores, além disso, quando ingeridos por animais aquáticos, podem levá-los à asfixia.

 

Os microplásticos são uma potencial ameaça para a sustentabilidade dos ambientes

A palavra sustentabilidade significa característica ou condição que é sustentável, ou seja, que é capaz de se sustentar e de manter o equilíbrio. Os microplásticos podem permanecer na natureza por gerações, podendo levar cerca de 200 anos para completarem seu ciclo de decomposição - o que causa uma instabilidade ecológica por afetar diversos grupos de organismos.

Os microplásticos são resultado da degradação de materiais plásticos que utilizamos no nosso dia-a-dia, mas também podem estar presentes - já fragmentados - em uma variedade de produtos, como produtos de pele, sabonetes, cremes e geis esfoliantes, assim como em adereços de festas, eventos e fantasias, como é o caso do glitter, que é bastante popular no carnaval.

 Os dados são preocupantes e não pense que os microplásticos não são capazes de alcançar os seres humanos. Uma pesquisa feita pela Vrije Universiteit Amsterdam, na Holanda, encontrou a presença de microplástico no sangue humano de quase 80% das pessoas, mostrando ainda que essas partículas são capazes de se movimentarem pelo corpo e se instalarem em órgãos - apesar dos seus reais impactos na saúde humana ainda serem desconhecidos.

Sendo assim, como os microplásticos têm um histórico recente, mas podem ter consequências abrasivas em um futuro próximo, é necessário buscar substituições - desde já - para certas escolhas diárias, visando colaborar para a estabilidade ecológica do planeta.

 

Práticas sustentáveis no Carnaval

De modo geral, apesar da alegria que o carnaval traz com suas celebrações, músicas e danças, encontros entre amigos e muito samba, é importante destacar que é uma época onde se produz muito lixo e que na maioria das vezes não é descartado da maneira correta, gerando diversas problemáticas para o meio ambiente.

Sabemos que a quantidade de lixo produzida na época de carnaval é uma das maiores no ano, em razão das fantasias, decorações e maquiagem. Por isso, é fundamental que façamos corretamente o descarte dos resíduos, por exemplo, jogando-os em seus devidos lugares, como na cesta de lixo correta de acordo com o tipo de material. A separação do lixo reciclável, além de ser a maneira correta de descarte, facilita o trabalho daqueles que deixam as nossas cidades limpas.

Não devemos esquecer de nos hidratar! A hidratação é fundamental para manter nossos corpos saudáveis no meio da folia. E, para isso, a utilização de garrafas reutilizáveis para beber água é a melhor opção para evitar o acúmulo excessivo de garrafas plásticas, já que o plástico demora cerca de 450 anos para se decompor na natureza.

Para ir até a festa, prefira o uso do transporte coletivo, ou até mesmo bicicletas. O transporte público, além de facilitar o acesso aos blocos do carnaval, faz com que menos gases poluentes sejam lançados na atmosfera, em comparação com o transporte individual. Mas se for inviável para você, use o transporte compartilhado (como carros de aplicativo) com seus amigos.

          Quanto mais brilho melhor, certo? Mas, para isso, precisamos fazer o uso de glitter conscientemente. O glitter comum é um microplástico que polui o solo, o ar e a água. Por isso, substituí-lo por um glitter biodegradável, ecológico ou caseiro, é uma troca justa que diminui a poluição do ambiente, já que esses outros têm uma decomposição mais natural. Nesse mesmo sentido, os confetes ou festins de papel também podem ser substituídos por cortes de folhas secas.

É importante que tenhamos em mente que toda nossa ação gera uma consequência. Por isso, devemos sempre prestar atenção se o que estamos fazendo para o meio ambiente é algo sustentável e que irá conservar a natureza. 

 

Voluntários por uma folia mais sustentável para crianças e adolescentes

Como visto anteriormente, os microplásticos podem afetar várias gerações, contribuindo para a poluição global, já que o acúmulo excessivo desses micro materiais, principalmente nos oceanos, pode gerar mortes de certos animais, causando uma desordem ambiental, afetando os humanos e com isso, nossos meninos e meninas podem ser os mais afetados agora e no futuro. Isso porque, crianças são mais suscetíveis às mudanças climáticas, já que são uma população vulnerável e que necessita de maiores cuidados.

Sendo assim, para que haja uma plena garantia de direitos desses jovens, é necessário que ocorra uma mudança na relação do ser humano com o meio ambiente, utilizando das práticas já mencionadas. Atualmente, o UNICEF trabalha com jovens para ampliar suas vozes sobre temas que os afetam, através de plataformas criativas e da participação em eventos. Dessa forma, nosso dever como voluntários é disseminar o máximo de informações possíveis sobre esse assunto, atraindo mais meninos e meninas para dar-lhes voz e repercutir o tema, além de divulgar as consequências e as soluções, visando que uma maior parcela da população contribua para um futuro mais sustentável. 

Conforme dito acima, apesar do Carnaval ser um período de muita celebração e repleto de alegria, demanda uma reflexão sobre nossas práticas e seus impactos no meio ambiente gerados por meio delas. O Carnaval traz consigo desafios ambientais significativos, mas pode vir a ser também um momento em que podemos mudar velhos hábitos, como a utilização do glitter, a contribuição para a produção e utilização de materiais não recicláveis e o descarte massivo de tais lixos em lugares inapropriados. Ao mudar esses costumes, o cuidado com os nossos ecossistemas passa a ser prioridade e, assim, podemos atuar em prol da conservação do nosso meio ambiente enquanto nos divertimos de forma consciente.


REFERÊNCIAS


Redação:
Isabela Marina Alves de Souza, Milena Lima Quesada, Rayana Guimarães de Oliveira, Paola Raquel Fontes Montejo

Revisão: 
Nathalia Correa

Blog escrito pelas voluntárias e pelos voluntários do #tmjUNICEF, o programa de voluntariado digital do UNICEF. São adolescentes e jovens de todo o Brasil que participam de formações sobre direitos de crianças e adolescentes, mudanças climáticas, saúde mental e combate às fake news e à desinformação.

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