UNICEF apoia implementação de sistema de alertas na Terra Indígena Yanomami

O sistema, disponibilizado em línguas indígenas, é desenvolvido pela Hutukara Associação Yanomami para emissão de alertas por celular de ameaças ao maior território indígena do Brasil.

12 abril 2024
Duas meninas yanomami acessam conteúdo em um celular
Hutukara Associação Yanomami/Evilene Paixão

Boa Vista, 15 de abril de 2024 – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apoia a implementação de uma nova ferramenta de sistema de alertas na Terra Indígena Yanomami (TIY). O projeto, realizado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) e o Instituto Socioambiental (ISA), tem o objetivo de formar indígenas Yanomami para operarem uma central de alertas com informações sobre riscos sanitários e ambientais ao território, como queimadas, casos de desnutrição, malária e mais. O projeto tem financiamento da União Europeia, através do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO, na sigla em inglês).

Por meio de um formulário disponibilizado em aplicativo no celular, os indígenas podem anexar fotos, vídeos, áudios, pontos de localização com coordenadas geográficas e relatos sobre o alerta a ser gerado. As próprias comunidades alimentam o sistema, a partir do aplicativo ODK Collect. Desde o início da operação, em agosto de 2023, 40 alertas já foram emitidos.

"A implementação do sistema de alerta no território Yanomami é de vital importância para a proteção das vidas yanomami, especialmente das crianças. Por isso, estabelecemos parcerias fundamentais para fortalecer as necessidades desse sistema de alerta e proteger as crianças indígenas que mais sofrem com as consequências da degradação ambiental e dos desastres naturais e de saúde ", afirma Gregory Bulit, Coordenador de Emergências do UNICEF no Brasil.

Os registros podem ser feitos mesmo offline, e enviados no sistema quando houver conexão. Para garantir o acesso a todos os povos do território, a ferramenta disponibiliza as opções nos idiomas yanomami, ye'kwana, sanoma e português.

O presidente da Hutukara Associação Yanomami, o xamã e líder yanomami Davi Kopenawa, acredita que o sistema pode facilitar o entendimento das autoridades sobre as necessidades dos indígenas que vivem no território.

“Eu sempre digo que hoje já é o futuro. Eu acho importante a gente conseguir sonhar e pensar com outros amigos que estão apoiando, trabalhando e lutando juntos. Quem está na cidade escuta, mas não sente o que os yanomami precisam, por isso é muito bom ter esse sistema de alertas para nosso monitoramento”, disse Kopenawa.

Uma vez que o sistema recebe a denúncia, operadores qualificam as informações para validar os relatos. Em seguida, as informações são colocadas no painel público para que autoridades, instituições parceiras e a imprensa possam ter ciência de qualquer anormalidade que ameace o território.

Nesse sentido, os alertas servem como um dispositivo para reforçar a importância de uma resposta célere às comunidades, assim como a demanda de mais políticas públicas voltadas a esses povos. 

As oficinas de formação no sistema estão sendo conduzidas em comunidades indígenas do Território Yanomami pelo ISA, parceiro implementador da estratégia, em diferentes comunidades do território yanomami. Entre os participantes estão agentes indígenas de saúde e saneamento, comunicadores e pesquisadores.

“Os grupos que participam nas oficinas entendem imediatamente a importância da ferramenta para dar mais peso às demandas das comunidades por políticas públicas mais eficientes", afirma Estêvão Senra, geógrafo do ISA.

Uma central de comunicação foi instalada na região do Demini, na Terra Indígena Yanomami, durante uma das oficinas. O objetivo é que os yanomami treinados operem essa base, que deve receber as denúncias de todas as partes do território.

Sobre o projeto

A iniciativa do sistema de alertas integra o projeto que visa apoiar o desenvolvimento de um plano de preparação e resposta a desastres na Terra Indígena Yanomami. UNICEF e ISA trabalham com organizações indígenas no sistema de alerta precoce, fortalecendo a comunicação, proteção e vigilância do território. O projeto começou a ser articulado em abril de 2022 e permitiu alcançar resultados significativos para as comunidades:

  • 12.000 pessoas na TIY cobertas pelo sistema de alerta
  • 29 sistemas de radiofonia instalados ou reparados e 10 antenas de internet em comunidades estratégicas
  • Central de comunicação instalada na região do Demini, que permite tratar os alertas recebidos com profissionais indígenas
  • 43 indígenas receberam formação na utilização do aplicativo
  • Apoio para melhorias da infraestrutura de centros de 2 bases de proteção da FUNAI e 2 centros de proteção comunitários.

Contatos para a imprensa

Laís Pereira Muniz
Assistente de Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (95) 99157 0341

Sobre o UNICEF
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