‘Mal têm uma gota para beber’: crianças e adolescentes na Faixa de Gaza não têm acesso a 90% do seu consumo normal de água

Os serviços de água e saneamento estão à beira do colapso com a iminência de surtos de doenças em grande escala, alerta o UNICEF

20 dezembro 2023
Foto mostra duas crianças de costas segurando galões de água
UNICEF/UNI485724/El Baba

Amã, 20 de dezembro de 2023 – As crianças e os adolescentes recentemente deslocados no sul da Faixa de Gaza têm acesso a apenas 1,5 a 2 litros de água por dia, muito abaixo dos requisitos recomendados apenas para a sobrevivência, de acordo com estimativas do UNICEF.

De acordo com os padrões humanitários, a quantidade mínima de água necessária numa emergência é de 15 litros, o que inclui água para beber, lavar e cozinhar. Apenas para sobrevivência, o mínimo estimado é de 3 litros por dia.

Centenas de milhares de pessoas deslocadas internamente – estima-se que metade dessas sejam crianças e adolescentes – chegaram a Rafah desde o início de dezembro e necessitam desesperadamente de alimentos, água, abrigo, medicamentos e proteção. À medida que a procura continua aumentando, os sistemas de água e saneamento da cidade encontram-se num estado extremamente crítico. O reinício das hostilidades, aliado à falta de fornecimento de energia, à escassez de combustível, ao acesso restrito e aos danos nas infraestruturas, significa que pelo menos 50% das instalações de água, saneamento e higiene estão danificadas ou destruídas.

O impacto disso nas crianças e nos adolescentes é particularmente dramático porque meninas e meninos também são mais suscetíveis a desidratação, diarreia, doenças e subnutrição, fatores que podem se agravar e representar uma ameaça à sua sobrevivência. As preocupações com doenças transmitidas pela água, como a cólera e a diarreia crônica, são particularmente agravadas devido à falta de água potável, especialmente após as chuvas e inundações desta semana. As autoridades já registraram quase 20 vezes a média mensal de casos notificados de diarreia entre crianças com menos de 5 anos, além de aumentos de casos de sarna, piolhos, varicela, erupções cutâneas e mais de 160 mil casos de infecção respiratória aguda.

“O acesso a quantidades suficientes de água potável é uma questão de vida ou morte e as crianças em Gaza mal têm uma gota para beber”, afirmou a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “As crianças e as suas famílias têm de utilizar água de fontes inseguras, altamente salinizadas ou poluídas. Sem água potável, muito mais crianças morrerão de privação e doenças nos próximos dias”.

Nos abrigos por toda a Faixa de Gaza, longas filas de mulheres e crianças exaustas esperam para usar o banheiro, em média, um banheiro para cada 700 pessoas, levando as pessoas a recorrer a outras estratégias de sobrevivência, como o uso de baldes ou a defecação a céu aberto. Os chuveiros estão ainda menos disponíveis, reduzindo as opções de higiene a quase inexistentes, afetando especialmente mulheres e meninas. Isso pode levar ainda mais a um aumento na propagação de doenças.

O UNICEF, com os seus parceiros, está fornecendo combustível para operar poços, centrais de dessalinização, transporte de água e gestão de resíduos e esgotos, água engarrafada e recipientes de água, beneficiando mais de 1,3 milhão de pessoas com água potável desde o início da crise. O UNICEF também distribuiu mais de 45 mil galões, mais de 130 mil kits de higiene familiar, incluindo produtos de higiene e saúde menstrual, e centenas de milhares de barras de sabão. Desde o início da crise, o UNICEF, com parceiros, alcançou mais de 189 mil pessoas com produtos de higiene e mais de 400 mil pessoas com serviços de higiene e saneamento. Durante a pausa humanitária, o UNICEF também conseguiu chegar ao norte da Faixa de Gaza, apesar das condições de acesso extremamente difíceis, e distribuiu 260 mil litros de água e 10 mil kits de higiene.

Geradores para operar instalações críticas de água e saneamento, tubos de plástico necessários para fornecer reparos de curto prazo, bem como material de construção para soluções rápidas de saneamento estão disponíveis na passagem de fronteira de Rafah, mas não conseguem atravessar para Gaza devido às restrições de acesso impostas a tais suprimentos. necessários para garantir que os serviços mínimos de água e saneamento, essenciais para a sobrevivência das pessoas, sejam restaurados.

“Estamos fazendo tudo o que podemos para atender às necessidades da população de Gaza, mas o equipamento e os suprimentos que conseguimos fornecer estão longe de ser suficientes”, disse Russell. “Os constantes bombardeios, juntamente com as restrições de materiais e combustível permitidas no território, estão impedindo progressos críticos. Precisamos urgentemente desses suprimentos para reparar sistemas de água danificados”.

O UNICEF também continua pedindo um acesso humanitário rápido, seguro e desimpedido a todos os meninos, meninas e famílias que precisam, onde quer que estejam, inclusive para permitir que as necessidades de água e saneamento na Faixa de Gaza sejam atendidas por meio da restauração e reabilitação das infraestruturas existentes, e que todas as partes cumpram as suas responsabilidades legais internacionais para proteger as instalações de água e saneamento e os trabalhadores encarregados de garantir a manutenção e reparação dessas instalações.

Contatos para a imprensa

Elisa Meirelles Reis
Oficial de Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (61) 98166 1649
Luana Ribeiro Piotto
Oficial de Comunicação
UNICEF Brasil

Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em mais de 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.

Acompanhe nossas ações no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, LinkedIn e TikTok.

Você também pode ajudar o UNICEF em suas ações. Faça uma doação agora.