"Quando a gente compartilha com o outro, evita violências"

Morador de Vila Bela da Santíssima Trindade, MT, Vitor faz parte do Nuca e quer compartilhar experiências para enfrentar o bullying e prevenir as violências

UNICEF Brasil
Foto mostra um adolescente sorridente. Ele está ao ar livre em frente a uma casa rosada.
UNICEF/BRZ/Alécio Cezar
21 julho 2022

Foi em Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso, onde Vitor Fernandes Brites, de 13 anos, enfrentou o bullying e rompeu o ciclo de violência em sua escola, encontrando apoio para se fortalecer emocionalmente e continuar estudando. Integrante do Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) de sua cidade – iniciativa que promove o direito à participação cidadã como parte das ações do Selo UNICEF –, ele conta que o bullying fazia parte de sua rotina e passou a se sentir triste e muito sozinho. "A gente se sente intimidado e passa a não querer mais ir para a escola".

Para enfrentar o problema, Vitor encontrou apoio em sua família, mãe e irmãos, e nos professores, que o encorajaram e deram forças para se aceitar e continuar a frequentar a escola. O adolescente reforça que compartilhar o que vivenciou com a mãe e com seus professores foi essencial. Com uma relação de confiança, o professor de Vitor tem chamado os pais para discutir as situações de bullying na escola.

Na escola, Vitor tem orientações e palestras sobre prevenção a diversos tipos de violência. "Recebo orientações sobre o que é violência e para não fazer bullying com outras pessoas. Você não pode se igualar a elas, porque você estará fazendo parte da ofensa", relata Vitor.

A sensação de acolhimento e de ter um espaço seguro para falar sobre tudo o que vivenciou foi de suma importância para Vitor continuar estudando e contribuindo para quebrar o ciclo de violência que acontecia na escola. O adolescente foi convidado para integrar o Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) de Vila Bela da Santíssima Trindade pela Secretaria Municipal de Educação. "No Nuca, me sinto à vontade para compartilhar sobre o bullying. Quando a gente compartilha com o outro, a gente protege as pessoas, evita e enfrenta a violência".

Nos espaços de reflexão coletiva do Nuca, Vitor discute quais as estratégias para se afastar de pessoas e situações violentas e agir para promover um ambiente escolar saudável e de respeito à diversidade.

Enfrentamento da violência e outros desafios
Pela metodologia do Selo UNICEF, os Nucas de cada município devem cumprir oito desafios temáticos como uma forma de garantir o envolvimento e a participação das meninas e dos meninos em políticas públicas relevantes para adolescentes: empoderamento de meninas e promoção da igualdade de gênero; prevenção da gravidez; enfrentamento do racismo e outras violências; e redução dos riscos das mudanças climáticas. As atividades sobre esses temas são coordenadas por uma pessoa responsável pela mobilização de adolescentes.

Foto mostra um homem sentado em uma cadeira, ao ar livre. Atrás dele há um casa de paredes rosadas.
UNICEF/BRZ/Alécio Cezar

Para Diego Roberto Oliveira Freitas, mobilizador do Nuca de Vila Bela da Santíssima Trindade, o maior desafio é mostrar para adolescentes e jovens que eles têm valor e que sua opinião será levada em consideração no aprimoramento das políticas públicas do município. "Criamos um grupo diverso, com pessoas de diferentes origens, raças e etnias", diz Diego. "Estou muito feliz em fazer parte do Nuca, porque é uma forma de interação com os jovens que contribui para que eles percebam que podem ser ouvidos", relata.

Durante os encontros, Diego fez uma atividade chamada Janela Criativa, como uma forma de as e os adolescentes se expressarem por meio da arte. Um dos resultados foi um desenho com a frase "seja você mesmo". Diego enfatiza: "Seja você mesmo e não se importe com o que os outros falam. Aqui tentamos mostrar que todo mundo é diferente e incentivamos a abraçar essa diversidade social e cultural".

A implementação de Nucas como espaços de troca e discussão de adolescentes é uma atividade que integra as ações propostas para os municípios participantes no Selo UNICEF com  pelo menos oito meninos e oito meninas de cada município para discutir questões importantes para seu desenvolvimento, implementar ações e levar suas reivindicações à gestão pública municipal.

Pode Falar – O Pode falar, canal de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos teve mais de 38 mil atendimentos e segue disponível, oferecendo materiais, testemunhos e ajuda de profissionais, que atendem de forma anônima e gratuita por meio de um chatbot, que pode ser acessado pelo site podefalar.org.br ou pelo WhatsApp.

Selo UNICEF – O Selo UNICEF é a principal iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Brasil e atua a partir do estímulo e do reconhecimento de avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira. A Edição 2021-2024 conta com a participação de 2.023 municípios de 18 Estados brasileiros, sendo 676 na Amazônia e 1.347 no Semiárido. Seu sucesso é resultado da parceria entre o UNICEF e muitos parceiros, a exemplo de governos estaduais e municipais por meio da atuação integrada entre diferentes níveis de governo voltados para crianças e adolescentes.