Na Ucrânia, as mães iluminam a escuridão com a luz da nova vida

As novas mães e as mulheres grávidas precisam desesperadamente de serviços de saúde e segurança. O UNICEF está fornecendo suprimentos para ajudá-las

UNICEF
Foto mostra uma mulher segurando sua bebê recém-nascida. A mãe está olhando para a filha.
UNICEF/UN0604225/Ratushniak
16 março 2022

Yuliya balança suavemente sua bebê recém-nascida no porão úmido de um centro médico da capital ucraniana. Vera tem apenas alguns dias, mas sua vida já está em perigo.

“Estamos sentadas aqui no porão, choramos”, diz Yuliya. “É assustador ver fumaça e bombardeios. Estamos fazendo tudo o que podemos para salvar nossas crianças”.

Yuliya levou dois dias viajando a pé de sua casa, nos arredores de Kiev, antes de alcançar a segurança do Centro Perinatal Regional de Kiev. Com a violência devastadora, Yuliya não teve escolha a não ser tentar encontrar um lugar seguro para dar à luz sua filha. Ela admite que houve momentos em que pensou que poderia não chegar à maternidade em meio aos bombardeios e explosões que abalaram a área nos últimos dias.

“Eu tive que viajar por campos e florestas”, diz ela, acrescentando que, devido a certos problemas de saúde, nem todas as instalações seriam capazes de ajudá-la a dar à luz sua filha com segurança. “Mas, graças a Deus e aos médicos, agora tenho uma bebê – e estou viva”.

Foto mostra um porão com diversas camas hospitalares.
UNICEF/UN0604232/Ratushniak
O porão do Centro Perinatal Regional de Kiev está sendo usado para cuidar de mães e suas famílias.

Yuliya é apenas uma das muitas mulheres e crianças que encontraram abrigo no Centro, cujo porão foi transformado em uma maternidade improvisada. A maioria das mulheres aqui só sai do porão quando precisa – para se lavar ou comer alguma coisa. Mas, na última vez que Yuliya saiu do porão, ela viu fumaça e ouviu explosões do lado de fora. Ela agora tem receio de deixar sua filha sozinha no porão por medo de ser separada dela.
Nataliya Heynts, a diretora do centro, diz que a situação tem sido extremamente difícil para as famílias. “É impossível estar preparado para isto”, diz ela. “Está extremamente frio e escuro, e não há tomadas aqui embaixo”.

A equipe médica do Centro está trabalhando sob intensa pressão, fazendo os partos apesar do bombardeio do lado de fora, e muitas vezes trabalhando sem uma fonte de energia estável. Alguns funcionários já foram embora com suas famílias. Como resultado, Nataliya e seus colegas remanescentes assumiram vários papéis.

“Eu trabalho como cozinheira, clínica geral e cirurgiã”, diz ela. “Mas é nossa responsabilidade estar aqui e garantir que o centro esteja funcionando”.
 

Foto mostra uma mulher cuidando de um recém-nascido. Atrás dela há um homem de costas.
UNICEF/UN0604221/Ratushniak
No Centro Perinatal Regional de Kiev, na Ucrânia, Nellia Izmailovna (centro), chefe da Unidade de Terapia Intensiva Infantil, cuida de um recém-nascido.

Além dos serviços de parto, o Centro oferece alojamento temporário para as mulheres que vêm aqui para tratamento. Elas “não podem voltar para casa”, diz Nataliya, porque “elas simplesmente não têm mais uma. Teremos que encontrar outras soluções”.

Apesar da violência em curso, o UNICEF está em campo na Ucrânia, entregando suprimentos extremamente necessários e trabalhando com parceiros para garantir que as famílias possam receber o tratamento de que precisam. Em Kiev, o UNICEF tem trabalhado em parceria com a Administração Municipal de Kiev para fornecer equipamentos de saúde, produtos de higiene e outros suprimentos para maternidades e hospitais infantis da cidade, incluindo esse Centro.

Foto mostra uma mulher em pé ao lado de uma mesa onde estão diversas caixas.
UNICEF/UN0604233/Ratushniak
Nataliya Heynts, diretora do Centro Perinatal Regional de Kiev, capital ucraniana, inspeciona suprimentos de saúde doados ao Centro pelo UNICEF.

“Recebemos concentradores de oxigênio, balanças, aventais e luvas de proteção”, diz Nataliya. “Tudo isso será usado para mulheres em trabalho de parto, crianças pequenas e bebês prematuros que estão atualmente sob nossos cuidados”.

Yuliya sabe em primeira mão como os suprimentos médicos têm sido críticos para as famílias. Mas ela acrescenta que há outra coisa pela qual ela está desesperada.

“Quero que todos nós permaneçamos vivos”, diz ela. “Eu quero paz”.