Meninas mães e puérperas pela prevenção às violências
Projeto Meninas Mães contra as Violências reuniu 27 mães negras e indígenas, de 15 a 25 anos, da #AgendaCidadeUNICEF
A gravidez na adolescência é um fenômeno complexo e envolve múltiplas dimensões da vida humana, diretamente relacionada ao contexto sociocultural, econômico e político, assim como às dimensões étnicas e raciais e de gênero, impactando diretamente a autoestima e a saúde mental das meninas e jovens mães. Por isso, o UNICEF, em parceria com o Instituto Promundo e apoio da NIVEA, desenvolveu o Projeto Meninas Mães contra as Violências, uma metodologia online por meio de um grupo de WhatsApp a fim de mobilizar 27 meninas mães negras e indígenas, de 15 a 25 anos, dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Pernambuco, Amazonas e Bahia.
“Uma mãe negra de periferia não tem a mesma visibilidade que uma mãe branca tem na sociedade. Quando uma mulher vai buscar emprego e fala que é negra e mãe, ela terá barreiras para vencer: o racismo e o preconceito com a maternidade”, diz Odara Akire, 20 anos, mobilizadora social, mãe de Otto Valentim Alves de Lima, 7 meses, da Cidade de Tiradentes, São Paulo, e participante do projeto.
O grupo de WhatsApp foi criado como um espaço de trocas e construção de conhecimento com o intuito de refletir sobre as causas que levam às vulnerabilidades e ocasionam situações como a gravidez na adolescência, entre elas, o racismo e as violências baseadas em gênero, e como desenvolver habilidades para seguir sonhos e objetivos depois da maternidade precoce.
“Havia um elemento comum entre as participantes: a maioria dessas jovens sofreu algum tipo de violência no ambiente doméstico, e a importância de não reproduzir essas violências com seus filhos. Foi um espaço muito importante, onde as meninas criaram um vínculo muito grande e puderam compartilhar seus medos, frustações e inquietações”, diz Luiza Tanuri, coordenadora de projetos do Instituto Promundo.
Para Odara, a invisibilidade dos seus sentimentos era um fator de frustração. “Por eu ser mãe jovem, as pessoas acabam não dando muita credibilidade para o que eu falo. A sociedade acaba não enxergando a mãe como um indivíduo com vontades próprias, com sentimentos. Eu me sinto muitas vezes invalidada e silenciada”, conta. “As pessoas acham que mães mais velhas sabem muito mais do que as mães mais jovens. Percebi que o respeito é seletivo, se você é uma mãe com mais idade, as pessoas respeitam mais você”, relata a jovem.
As discussões em grupo foram realizadas em oito módulos com os temas de: Identidade; Raça e Racismo; Adolescências e Juventudes; Gênero; Dignidade Menstrual; Gestação; Olhando para Outras Maternidades e Criando a Minha Maternidade; e Projeto de Vida.
“Essas pautas são muito importantes, porque a gente consegue dar voz às nossas vivências como mães. Muitas vezes somos excluídas e essa visibilidade é muito importante para validarmos nossos sentimentos”, conta Odara. “A gente passa muito tempo pensando em família, trabalho, estudo, e a gente acaba se colocando como última prioridade. Então, o grupo foi um momento em que conseguimos pensar em nós e pudemos refletir sobre o que estava passando conosco”, conclui a jovem.
#AgendaCidadeUNICEF
#AgendaCidadeUNICEF é uma iniciativa do UNICEF em parceria com prefeituras municipais de grandes centros urbanos brasileiros para promover direitos e oportunidades para as crianças e os adolescentes mais vulneráveis, contribuindo com a prevenção de violências em sua vida. Na sua primeira edição (2022-2024), ocorre em Belém, Fortaleza, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Para a iniciativa, o UNICEF conta com o apoio da NIVEA.