Lugar de vacinar é no posto e em todo lugar
Com calendário de vacinação atrasado, Analy recebeu quatro doses na creche, em Campina Grande, e voltou para casa mais protegida
A família de Analy Souza, de 4 anos, mudou-se para a cidade de Campina Grande (PB) durante a pandemia de covid-19. Em meio às adaptações a uma nova rotina, o calendário de vacinação da menina ficou atrasado. Ela não era a única. Entre 2019 e 2021, em todo o Brasil, três em cada dez crianças deixaram de ser imunizadas contra doenças graves. Analy não foi até o posto de saúde. Mas as doses pendentes chegaram até ela por meio da creche municipal. Em um dia de aula, a menina recebeu as vacinas que faltavam e voltou para casa mais protegida.
A iniciativa municipal de realizar a busca ativa vacinal nas creches foi aprovada pela mãe de Analy, Wenia de Souza Silva, que elogiou a praticidade da ação. “A gente sabe que é importante vacinar, mas acaba deixando pra um outro dia, outro dia... Desse jeito, funcionou. Fiquei com pena, e até com medo, porque foram quatro furadas no mesmo dia. Mas conversaram comigo e me senti segura”, contou, acrescentando que a filha mais nova, Liz, de 1 ano e 5 meses, também atualizou as vacinas que estavam pendentes.
Com sorriso no rosto e olhos brilhantes, Analy mostra onde foram aplicadas as vacinas, apontando para os braços e pernas. “É muito importante tomar vacina para ir pra casa vacinada. Doeu, e passou. Assim, o bichinho vai embora”, disse, mostrando os comprovantes da vacinação.
A avó de Gutierre, de 3 anos, Maria Solidária da Silva também ficou mais tranquila depois que o neto recebeu as cinco doses de vacinas que estavam pendentes. “Na vida corrida, acabou ficando atrasado. É muito bom saber que ele está bem cuidado e até com as vacinas tomadas na creche”, disse.
Para garantir mais leveza ao momento da vacinação, as creches têm desenvolvido um reforço nas atividades lúdicas e brincadeiras de forma paralela à vacinação. A enfermeira Micheline Pires, que atua na coordenação do Programa Saúde na Escola pela Secretaria Municipal de Educação, ressalta que a ação foi motivada pela observação da queda vacinal. “Ouvimos muitos relatos de dificuldade para o transporte até os postos de saúde, falta de recursos e, com a pandemia, isso se agravou. A aceitação desse serviço nas creches tem sido muito boa”, reforça.
A ação começou pelos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e, de acordo com a coordenadora de Imunização Samira Luna, está percorrendo as 43 creches de Campina Grande e, na sequência, seguirá para as outras escolas que já estão recebendo a vacinação de covid-19. Ao todo, a iniciativa busca proteger 34 mil estudantes.
Busca Ativa Vacinal – O município de Campina Grande faz parte do Selo UNICEF, uma das principais iniciativas do UNICEF para garantir os direitos de meninas e meninos. Campina Grande é um dos quatro municípios em que está sendo realizado o projeto-piloto da iniciativa Busca Ativa Vacinal (BAV). Desenvolvida pelo UNICEF, com apoio de Fundação José Luiz Egydio Setúbal e outras organizações, a iniciativa visa contribuir com os municípios para encontrar crianças que não receberam a imunização de rotina, e tomar as medidas para que elas sejam imunizadas e cresçam protegidas de doenças evitáveis.
Os profissionais do município já foram apresentados à plataforma do projeto e passaram por uma primeira capacitação. “As Secretarias de Saúde e de Educação já mantinham parceria pelo Programa Saúde na Escola, mas a busca ativa vacinal foi ampliada durante a campanha de vacinação contra a covid-19 e a partir da adesão do município ao Selo UNICEF”, destaca Samira.