Adolescentes, UNICEF e Prefeitura do Recife celebram #AgendaCidadeUNICEF no Ibura

Apresentação da iniciativa foi marcada pelo diálogo de meninas e meninos com representantes da gestão pública e do UNICEF, expressando seus desejos e prioridades para o bairro

25 agosto 2022
Foto mostra uma mulher tirando uma foto dela e de um grupo de pessoas que estão atrás dela. As pessoas estão sorrindo. Todos estão em uma quadra esportiva.
UNICEF/BRZ/Keila Castro

Recife, 25 de agosto de 2022 – “Se eu fosse descrever o Ibura, descreveria como guerreiro. Porque é um bairro que sofre muito preconceito. Eu espero que este projeto traga muita oportunidade para o Ibura, que nos faça ver pessoas novas, descobrir novos talentos”. Esse é o desejo expressado por Bruno Gabriel, de 15 anos, na roda de conversa entre adolescentes e representantes da gestão municipal do Recife, atividade que marcou a apresentação da #AgendaCidadeUNICEF no bairro do Ibura, Zona Sul da capital pernambucana.

O UNICEF, em parceria com a Prefeitura do Recife, apresentou a #AgendaCidadeUNICEF à comunidade do Ibura, no último sábado (20/8), na quadra da Escola Professor Jordão Emerenciano, localizada no bairro. O território, escolhido juntamente com a Prefeitura, foi definido como prioritário para o desenvolvimento da iniciativa por conta de seus indicadores sociais desafiadores e suas potencialidades locais. A parceria foi formalmente assinada em abril deste ano.

Além de adolescentes e jovens do bairro, que puderam dialogar com representantes do poder público sobre suas impressões e prioridades para o bairro onde vivem, estavam presentes Dennis Larsen, coordenador do UNICEF para o Semiárido e chefe do escritório do UNICEF no Recife; Glauce Medeiros, secretária da Mulher; Paulo Moraes, secretário executivo de Segurança Cidadã; e Marcone Ribeiro, secretário executivo da Juventude. Além da discussão sobre políticas públicas, a programação incluiu atividades de grafitagem, batalha de poesia falada e apresentações culturais.

A mediadora da roda de conversas foi a jovem Bruna Pinheiro, de 22 anos, que já foi moradora de um bairro vulnerável, começou seus estudos em escola pública, fez intercâmbio e faculdade a partir de programas públicos e hoje trabalha com criação de conteúdo digital. “Eu sei o que é deixar de ser exceção e espero que projetos como este consigam ampliar essas conquistas e garantir mais oportunidades para adolescentes”, disse.

>> Veja fotos do evento na Escola Professor Jordão Emerenciano, no Ibura.

>> Confira, a seguir, os depoimentos de adolescentes moradores do Ibura e que participam do projeto Ibura Empoderado, realizado no contexto da #AgendaCidadeUNICEF.

“Ibura? Esconde a bolsa!”. É triste receber esse preconceito”

Bruno Gabriel, 15 anos
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Foto mostra um adolescente em uma quadra esportiva, com várias pessoas atrás dele. Ele está puxando a camiseta para mostrar o desenho que aparece nela, escrito Ibura Empoderado. Ele está sorrindo.
UNICEF/BRZ/Keila Castro

“Se eu fosse descrever o Ibura, descreveria como guerreiro. Porque é um bairro que sofre muito preconceito. Aonde você chega, as pessoas falam: “Ibura? Esconde a bolsa!”. É triste receber esse preconceito porque nem todo mundo aqui é traficante. E, na minha cabeça, aqueles que traficam é porque não tiveram muitas oportunidades na vida.

Eu espero que este projeto traga muita oportunidade para o Ibura, que nos faça ver pessoas novas, descobrir novos talentos.

O Ibura Empoderado trouxe união. Conheci pessoas, consegui interagir, aprendi várias coisas, porque houve várias conversas sobre empoderamento, pobreza menstrual… O Ibura Empoderado foi um projeto que mexeu muito comigo. Quando entrou na escola, a gente não achava que seria essa coisa, mas tá me dando várias oportunidades de conhecer outras pessoas e me dando oportunidade de mostrar o meu talento. Eu pretendo parar pra escrever um livro ou compor uma música.”

“Consegui ter voz sobre mim mesmo e sobre onde moro”

Kellyson Lucas de Santana, 14 anos
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Foto mostra um adolescente olhando sério pra a câmera. Ele está usando uma camiseta onde está escrito Ibura Meu Amor.
UNICEF/BRZ/Keila Castro

“O Ibura é um bairro como qualquer outro, mas as pessoas têm um certo preconceito. Pelo fato de ter favelas, eles acham que só tem favelado, ladrão, que só saem por aí pra vandalizar e tudo o mais. O Ibura não é só isso. O Ibura é rico em cultura e tem pessoas que têm bastante conhecimento e que precisam ser ouvidas e ser enxergadas pela sociedade.

A violência não vem só das pessoas ruins, mas vem também de profissionais que são especializados para nos proteger, como os policiais. Acho que eles têm uma certa discriminação por cor e raça, e por religião também. Em vez de nos protegerem, nos darem segurança, nos discriminam por sermos quem nós somos.

Depois do Ibura Empoderado, consegui mais conhecimento sobre algumas coisas e sei que agora consigo debater com outra pessoa com argumentos que antigamente eu só concordava. Consegui ter voz sobre mim mesmo e sobre onde moro.”

“Eu preferia que fosse mais seguro, que não precisasse ficar olhando pros lados pra saber quem é que tá lá”

Karolainy da Silva, 16 anos
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Foto mostra uma adolescente olhando para a câmera e sorrindo.
UNICEF/BRZ/Keila Castro

“Eu acho o Ibura um lugar bom de se morar, só que eu preferia que fosse um pouco melhor, que quando a gente andasse pela rua fosse mais seguro, que não precisasse ficar olhando pros lados pra saber quem é que tá lá. E que as escolas compreendessem mais os jovens. E oferecessem mais oportunidades também, tanto o bairro quanto as escolas.

O Ibura Empoderado pra mim tem sido um lugar em que eu posso me sentir segura. Onde eu posso ser quem eu sou, é como uma terapia. O Ibura Empoderado me faz bem. Lá a gente pode expor nossas opiniões, falar o que realmente a gente acha sem ser julgado – isso pra mim é uma coisa boa, eles não julgam a gente.

O Ibura Empoderado me encorajou a me aceitar da minha forma, porque muitas pessoas julgam as mulheres pelo fato de serem mulheres. E o Ibura Empoderado mostra que não é um problema, que a gente pode e a gente consegue. Isso pra mim é muito bom, porque, às vezes, eu fico desencorajada, pra baixo, e, quando eu vou pro Ibura Empoderado, eles me levantam de alguma forma.”


#AgendaCidadeUNICEF
#AgendaCidadeUNICEF é uma parceria do UNICEF com prefeituras para a promoção de direitos e oportunidades de crianças e adolescentes mais vulneráveis nos centros urbanos, contribuindo para a inclusão, não discriminação e não violência. Localizado no Recife, e com aproximadamente 50 mil habitantes, o bairro do Ibura tem uma das maiores taxas de homicídios da capital, alcançando adolescentes entre 10 e 19 anos, segundo dados de 2019 reportados pela Prefeitura.

A #AgendaCidadeUNICEF prevê a realização de ações integradas, até 2024, nas áreas de educação, inclusão socioprodutiva, proteção contra violência, além de saúde e bem-estar. Nesse período, o UNICEF disponibilizará apoio técnico, compartilhamento de metodologias, monitoramento e intercâmbio com outras iniciativas locais e globais – numa contribuição para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Projetos e programas que já ocorrem em parceria entre a Prefeitura e o UNICEF passam a fazer parte da iniciativa e serão intensificados no território, como, por exemplo, a Busca Ativa Escolar, o fortalecimento das redes de proteção, a mobilização de adolescentes e jovens, e a promoção de oportunidades por meio da plataforma Um Milhão de Oportunidades (1MiO). Além da capital pernambucana, estão se somando à iniciativa as cidades de Belém, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo.

Contatos para a imprensa

Júlia Ferreira Kacowicz
Oficial de Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (81) 99242 7218

Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em mais de 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.

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