Tranças, autoestima, ancestralidade e o poder da comunicação
Ellen Rosário, 21 anos, é fundadora do espaço Pequena Realeza e faz parte da Incubadora de Comunicação Popular (iComPop) da Pavuna, no Rio de Janeiro
Localizado na Pavuna, zona norte do Rio de Janeiro, o Ateliê Pequena Realeza é o primeiro salão de tranças infantis do território. Não é de se espantar que, por trás de um ambiente tão acolhedor, onde o sorriso de clientes satisfeitas potencializa suas belezas, encontramos uma jovem estudante de pedagogia com o sonho de promover autoestima e estimular a conscientização racial. Seu nome é Ellen Rosário, e seu sonho vem ganhando forças através da Incubadora de Comunicação Popular da Pavuna, uma das iniciativas da #AgendaCidadeUNICEF, realizado numa parceria do UNICEF com a BemTv, no Rio de Janeiro.
A BemTv é uma organização sem fins de lucrativos, que desde 1992 vem trabalhando com mídia e educação junto a adolescentes e jovens nos territórios populares de Niterói e São Gonçalo e Rio de Janeiro (RJ). Em parceria com UNICEF, em 2023, começou a desenvolver uma nova proposta na Pavuna: a iComPop, que busca desenvolver e impulsionar as ideias de jovens comunicadores para mídias alternativas de comunicação, fortalecer a comunicação territorial e impulsionar a produção de notícias locais pela garantia de direitos humanos de crianças, adolescente e jovens.
Ellen e mais 17 jovens moradores da Pavuna fazem parte da primeira turma da incubadora.
Eu tinha muita dificuldade de lidar com o meu cabelo, com o meu tom de pele, com os meus traços naturais
Num projeto coletivo com outros participantes, Ellen desenvolveu o Trançando Histórias, projeto que consiste em uma série de vídeos, publicados no perfil oficial do salão no Instagram (@pequenarealezaa), onde crianças são entrevistadas e convidadas a refletir sobre o racismo em seu cotidiano. Encontrou assim uma forma de comunicar o que já vinha realizando com o salão de beleza.
”Perguntamos como as crianças lidam com o cabelo, com seus traços, com a cor de pele e como é isso dentro das escolas. Como é isso na sala de aula? Como as pessoas reagem? Ali surgem debates em que elas começam a compreender que não se trata só de bullying. É racismo. Então a gente começa a falar com ela sobre autoestima, sobre identidade”.
Ellen conta que o salão surgiu a partir de vivências racistas presentes na sua infância. Para contornar os impactos que vivências semelhantes possam ter na vida de outras meninas, seu trabalho busca educá-las sobre ancestralidade e autocuidado. Como forma de reconhecimento ao seu trabalho enquanto empreendedora, ativista e comunicadora, Ellen inclusive já recebeu uma monção honrosa na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Quando questionada sobre o futuro, Ellen deseja que muito mais crianças possam ter acesso a espaços como o Pequena Realeza e usufruir de iniciativas da #AgendaCidadeUNICEF, como a iComPop.