Esforços globais de imunização salvaram pelo menos 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos

OMS, UNICEF, Gavi e Fundação Bill e Melinda Gates lançam campanha "Humanamente Possível" para ampliar os programas de vacinação em todo o mundo durante a Semana Mundial de Imunização de 2024

24 abril 2024
Menino recebe vacina em gotas
UNICEF/BRZ/Erico Hiller

24 de abril de 2024 | Genebra/Nova York/Seattle – Um importante estudo publicado pela The Lancet revela que os esforços globais de imunização salvaram cerca de 154 milhões de vidas – ou o equivalente a seis vidas a cada minuto de cada ano – nos últimos 50 anos. A grande maioria das vidas salvas – 101 milhões – foi de crianças.

O estudo, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que a imunização é a maior contribuição entre as intervenções de saúde para garantir que os bebês não apenas vejam seus primeiros aniversários, mas continuem levando vidas saudáveis até a idade adulta.

Das vacinas incluídas no estudo, a vacinação contra o sarampo teve o impacto mais significativo na redução da mortalidade infantil, respondendo por 60% das vidas salvas devido à imunização. Esta vacina provavelmente continuará a ser o principal contribuinte para prevenir mortes no futuro.

Nos últimos 50 anos, a vacinação contra 14 doenças (difteria, Haemophilus influenzae tipo B, hepatite B, encefalite japonesa, sarampo, meningite A, coqueluche, doença pneumocócica invasiva, poliomielite, rotavírus, rubéola, tétano, tuberculose e febre amarela) contribuiu para reduzir as mortes infantis em 40% no mundo e em mais de 50% na África.

"As vacinas estão entre as invenções mais poderosas da história, tornando doenças outrora temidas evitáveis", disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Graças às vacinas, a varíola foi erradicada, a poliomielite está à beira do abismo e, com o desenvolvimento mais recente de vacinas contra doenças como malária e câncer de colo de útero, estamos empurrando para trás as fronteiras da doença. Com pesquisa, investimento e colaboração contínuos, podemos salvar milhões de vidas hoje e nos próximos 50 anos."

O estudo descobriu que, para cada vida salva por meio da imunização, uma média de 66 anos de saúde plena foram ganhos – com um total de 10,2 bilhões de anos de saúde plena ganhos ao longo das cinco décadas. Como resultado da vacinação contra a poliomielite, mais de 20 milhões de pessoas que teriam sofrido paralisia hoje podem andar, e o mundo está prestes a erradicar a pólio, de uma vez por todas.

Esses ganhos na sobrevivência infantil destacam a importância de proteger o progresso da imunização em todos os países do mundo e acelerar os esforços para alcançar as 67 milhões de crianças que perderam uma ou mais vacinas durante os anos de pandemia.

Esforços monumentais para aumentar o acesso à vacinação ao longo de cinco décadas

Divulgado antes do 50º aniversário do Programa Expandido de Imunização (EPI, na sigla em inglês), que ocorrerá em maio de 2024, o estudo é a análise mais abrangente do impacto global e regional do programa na saúde das pessoas nas últimas cinco décadas.

Estabelecida em 1974 pela Assembleia Mundial da Saúde, a meta original do EPI era vacinar todas as crianças contra difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, tétano, tuberculose e varíola, a única doença humana já erradicada. Hoje, o programa, agora chamado de Programa Essencial de Imunização, inclui recomendações universais para vacinar contra 13 doenças e recomendações específicas para outras 17 doenças, estendendo o alcance da imunização para além das crianças, incluindo também adolescentes e adultos.

O estudo destaca que menos de 5% das crianças em todo o mundo tinham acesso à imunização de rotina quando o EPI foi lançado. Hoje, 84% das crianças estão protegidas com três doses da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP) – o marcador global de cobertura vacinal.

Quase 94 milhões das cerca de 154 milhões de vidas salvas desde 1974 resultaram da proteção das vacinas contra o sarampo. No entanto, ainda houve 33 milhões de crianças que não tomaram uma dose da vacina contra o sarampo em 2022: quase 22 milhões perderam a primeira dose e outras 11 milhões perderam a segunda dose.

Uma cobertura de 95% ou mais com 2 doses de vacina contendo sarampo é necessária para proteger as comunidades dos surtos. Atualmente, a taxa de cobertura global da primeira dose da vacina contra o sarampo é de 83% e a segunda dose é de 74%, contribuindo para um número muito alto de surtos em todo o mundo.

Para aumentar a cobertura vacinal, o UNICEF, como um dos maiores compradores de vacinas do mundo, adquire mais de 2 bilhões de doses todos os anos em nome de países e parceiros para alcançar quase metade das crianças do mundo. O UNICE também trabalha para distribuir vacinas onde for preciso, garantindo que mesmo comunidades remotas e vulneráveis tenham acesso aos serviços de imunização.

"Graças às vacinas, mais crianças agora sobrevivem e prosperam após seu quinto aniversário do que em qualquer outro momento da história", disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. "Esta conquista maciça é resultado dos esforços coletivos de governos, parceiros, cientistas, profissionais de saúde, sociedade civil, voluntários e os próprios pais, todos caminhando na mesma direção de manter as crianças a salvo de doenças letais. Devemos aproveitar o momento e garantir que todas as crianças, em todos os lugares, tenham acesso a imunizantes que salvam vidas."

Em 2000, a Gavi, a Aliança de Vacinas, que inclui a OMS, o UNICEF e a Fundação Bill Melinda Gates como membros fundadores principais, foi criada para expandir o impacto do EPI e ajudar os países mais pobres do mundo a aumentar a cobertura, se beneficiar de novas vacinas que salvam vidas e expandir a amplitude da proteção contra um número crescente de doenças evitáveis por vacinas. Esse esforço intensificado nas partes mais vulneráveis do mundo ajudou a salvar mais vidas e promover ainda mais a equidade vacinal. Hoje, a Gavi ajudou a proteger toda uma geração de crianças e agora fornece vacinas contra 20 doenças infecciosas, incluindo a vacina contra o HPV e vacinas para surtos de sarampo, cólera, febre amarela, ebola e meningite.

"A Gavi foi criada para aproveitar a parceria e o progresso possibilitados pelo EPI, intensificando o foco na proteção dos mais vulneráveis em todo o mundo", disse a Dra. Sania Nishtar, CEO da Gavi, a Aliança de Vacinas. "Em pouco mais de duas décadas, vimos um progresso incrível – protegendo mais de um bilhão de crianças, ajudando a reduzir pela metade a mortalidade infantil nesses países e proporcionando bilhões em benefícios econômicos. As vacinas são realmente o melhor investimento que podemos fazer para garantir que todos, não importa onde nasçam, tenham o mesmo direito a um futuro saudável: devemos garantir que esses esforços sejam totalmente financiados para proteger o progresso registrado até aqui e ajudar os países a enfrentar os desafios atuais de seus programas de imunização."

Os programas de imunização tornaram-se a base dos serviços de saúde primários em comunidades e países devido ao seu amplo alcance e ampla cobertura. Eles fornecem não apenas uma oportunidade para a vacinação, mas também permitem que outros cuidados que salvam vidas sejam fornecidos, incluindo suporte nutricional, prevenção do tétano materno, exames e distribuição de mosquiteiros para proteger as famílias de doenças como a malária.

Como o estudo cobre apenas o impacto na saúde da vacinação contra 14 doenças, o número de vidas salvas devido à vacinação é uma estimativa conservadora e não uma conta completa do impacto das vacinas que salvam vidas. Os impactos sociais, econômicos ou educacionais na saúde e no bem-estar ao longo dos 50 anos também contribuíram para novas reduções na mortalidade. Hoje, existem vacinas para proteger contra mais de 30 doenças letais.   

Embora a vacina contra o HPV, que protege contra o câncer de colo de útero em adultos, não tenha sido incluída no estudo, espera-se que ela evite um alto número de mortes futuras, à medida que os países trabalham para aumentar as metas de imunização destinadas a eliminar o câncer de colo de útero até 2030. Novas vacinas, como as para malária, COVID-19, vírus sincicial respiratório (VSR) e meningite, bem como vacinas contra cólera e ebola usadas durante surtos, salvarão ainda mais vidas nos próximos 50 anos.

Salvar mais milhões é "humanamente possível"

Os programas globais de imunização mostraram o que é humanamente possível quando muitas partes interessadas, incluindo chefes de Estado, agências de saúde regionais e globais, cientistas, instituições de caridade, agências de ajuda humanitária, empresas e comunidades trabalham juntas.

Hoje, a OMS, o UNICEF, a Gavi e a Fundação Bill Melinda Gates lançam a campanha conjunta "Humanamente Possível", que marca a Semana Mundial de Imunização, de 24 a 30 de abril de 2024. A campanha de comunicação global pede aos líderes mundiais que defendam, apoiem e financiem as vacinas e os programas de imunização que fornecem esses produtos que salvam vidas – reafirmando seu compromisso com a saúde pública, ao mesmo tempo em que celebram uma das maiores conquistas da humanidade. Os próximos 50 anos do EPI exigirão não apenas alcançar as crianças que não tomaram vacinas, mas proteger os avós da gripe, as mães do tétano, os adolescentes do HPV e todos da tuberculose e muitas outras doenças infecciosas.

"É inspirador ver o que as vacinas tornaram possível nos últimos cinquenta anos, graças aos esforços incansáveis de governos, parceiros globais e profissionais de saúde para torná-las mais acessíveis a mais pessoas", disse Chris Elias, presidente de Desenvolvimento Global da Fundação Bill e Melinda Gates. "Não podemos deixar esse progresso incrível retroceder. Ao continuar investindo na imunização, podemos garantir que todas as crianças – e todas as pessoas – tenham a chance de viver uma vida saudável e produtiva".

Notas aos editores

Leia o estudo Contribuição da vacinação para melhorar a sobrevivência infantil: modelando 50 anos do Programa Expandido de Imunização, aceito para publicação na The Lancet em 22 de abril de 2024.

Para mais informações sobre a campanha da Semana Mundial de Imunização 2024 da OMS, visite a Semana Mundial de Imunização 2024 (who.int) e a campanha Humanly Possible, http://itshumanlypossible.org   

Acesse fotos e acompanhe a imunização aqui.

Sobre os dados

A OMS liderou a análise do impacto do Programa Expandido de Imunização de 1974 a 2024 com a contribuição de pesquisadores da Universidade de Basileia, Safinea Ltd., Universidade de Washington, KidRisk Inc., Penn State University, London School of Hygiene and Tropical Medicine, Universidade da Cidade do Cabo, Imperial College London, Vaccine Impact Modelling Consortium e Institute for Health Metrics and Evaluation. A análise abrange o impacto global e regional na saúde da vacinação contra 14 doenças: difteria, Haemophilus influenzae tipo B, hepatite B, encefalite japonesa, sarampo, meningite A, coqueluche, doença pneumocócica invasiva, poliomielite, rotavírus, rubéola, tétano, tuberculose e febre amarela.

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Caroline Magalhães
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Gavi, a Aliança de Vacinas, é uma parceria público-privada que ajuda a vacinar mais da metade das crianças do mundo contra algumas das doenças mais mortais do mundo. Desde sua criação em 2000, a Gavi ajudou a imunizar toda uma geração – mais de 1 bilhão de crianças – e evitou mais de 17,3 milhões de mortes futuras, ajudando a reduzir pela metade a mortalidade infantil em 78 países de baixa renda. A Gavi também desempenha um papel fundamental na melhoria da segurança da saúde global, apoiando os sistemas de saúde, bem como financiando estoques globais para vacinas contra ebola, cólera, meningocócica e febre amarela. Após duas décadas de progresso, a Gavi agora está focada em proteger a próxima geração, sobretudo as crianças de dose zero que não receberam uma única dose da vacina. A Aliança de Vacinas emprega financiamento inovador e tecnologia de ponta – de drones a biometria – para salvar vidas, prevenir surtos antes que eles possam se espalhar e ajudar os países no caminho para a autossuficiência. Saiba mais em www.gavi.org e conecte-se conosco no Facebookno Twitter.

Sobre a Fundação Bill e Melinda Gates
Guiada pela crença de que toda vida tem o mesmo valor, a Fundação Bill Melinda Gates trabalha para ajudar todas as pessoas a levar vidas saudáveis e produtivas. Nos países em desenvolvimento, concentra-se em melhorar a saúde das pessoas e dar-lhes a oportunidade de sair da fome e da pobreza extrema. Nos Estados Unidos, busca garantir que todas as pessoas – especialmente aquelas com menos recursos – tenham acesso às oportunidades de que precisam para ter sucesso na escola e na vida. Com sede em Seattle, Washington, a fundação é liderada pelo CEO Mark Suzman, sob a direção dos copresidentes Bill Gates e Melinda French Gates e do conselho de curadores.

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